EVOLUÇÃO DOS PACIENTES ADMITIDOS APÓS PARADA CARDIO-RESPIRATÓRIA EM TERAPIA INTENSIVA

 

Rocco, J.R.; Cariello, P.; Fontes, F.; Dantas, J.; Gadelha, D.

jrrocco@openlink.com.br

 

Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brazil.

 

Introdução - A parada cardio-respiratória (PCR) é a expressão máxima de gravidade de uma doença. Após um episódio de PCR o paciente geralmente é internado em terapia intensiva. Objetivo – Avaliar o prognóstico precoce (nas primeiras 24 horas de internação) de pacientes admitidos após PCR no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ. Intervenções – Nenhuma. Pacientes e Métodos – Foi realizado coorte observacional prospectivo no período de junho/1999 a agosto/2000, coletando-se informações nosológicas, escala de coma de Glasgow, exame clínico e exames laboratoriais, escore APACHE II (todos nas primeiras 24 horas de internação no CTI) e a evolução hospitalar. Para a análise estatística foi utilizado o teste do c2 (com correção de continuidade de Yates) para variáveis discretas e o teste Mann-Whitney Rank Sum para variáveis contínuas (p<0,05). Principais resultados – Foram estudados 630 pacientes dos quais 33 (5,2%) apresentaram PCR antes de sua internação no CTI. Em 2/3 dos casos (22/33), os pacientes foram provenientes do Serviço de Emergência do hospital. A letalidade hospitalar foi superior aos demais pacientes (26/33-78,8% vs 169/597-28,3% - p<0,0001). As características associadas à letalidade nas primeiras 24 horas de internação no CTI foram:

Variável

Altas

Óbitos

 

PA sistólica (mm Hg)

141±52

83,4±49

p=0,012

PA diastólica (mm Hg)

85±31

46±29

p=0,001

Diurese (mL)

3574±2213

1512±1510

p=0,017

Escala de Glasgow (pontos)

13,1±3,0

7,0±5,1

p=0,011

APACHE II (pontos)

21,4±5,4

33,2±10,3

p=0,0083

APACHE II (%)

41,8±19,4

76,2±24,7

p=0,0059

Arbitrando-se um ponto de corte de 7 pontos na escala de coma de Glasgow, a sensibilidade foi de 100%, especificidade de 69,2% e a acurácia de 75,8%. Empregando-se um ponto de corte de 40% na probabilidade de óbito gerada pelo escore APACHE II, encontramos sensibilidade de 57,1%, especificidade de 88,5% e acurácia de 81,8%. Conclusões – Os pacientes internados após PCR apresentaram elevada letalidade, acompanhada do desenvolvimento de choque precocemente (nas primeiras 24 horas de internação no CTI). O escore APACHE II e a escala de coma de Glasgow, ambos coletados nas primeiras 24 horas de internação, podem ser utilizados como bons índices prognósticos.